terça-feira, 3 de julho de 2012


MENINO DE ASAS

HOMERO HOMEM.

"Esta é a história de Menino de Asas. Ao nascer, sua mãe ficou muito triste. O pai consolou-a dizendo: "- Há de ser obra de Deus, mulher. Ele sabe o que faz." Consolada, passou a ver no estranho acontecimento um desígnio divino: Deveria ser um anjo, por isso asas em vez de braços. Meio pássaro e meio gente. Um mensageiro de Deus.

Seu desenvolvimento foi normal como qualquer outra criança. Passou a voar aos três anos. Precisando ir à escola aos sete anos, criou um dilema para o professor do povoado: Os pais dos alunos não o aceitaram. Seus filhos tentando imitá-lo estavam se acidentando. O professor sugeriu que operassem suas asas. Seus pais não concordaram. Assim, o estranho garoto deixou a sala de aula. A pedido de seu pai, o professor deveria lhe dar aulas em casa. Menino de Asas entendeu que lidar com os humanos era difícil e perigoso. Despertava curiosidade, confusão e pânico. Passou a ser amigo dos pássaros e das aves.

Decidido usar as pernas e não as asas foi para a cidade. Precisava aprender, trabalhar, crescer, viver. Mas as próprias circunstâncias o colocava numa situação difícil. E assim, era sempre necessário voar para vencer os obstáculos: Os atacantes impiedosos, a tevê ( as notícias virando menchete de jornais:"... o Monstro de asas..."), a polícia, etc. Era um corre-corre de curiosos e trânsito engarrafado.

Um dia deparou-se com um anúncio: Dr. Pacheco Fernandes - Cirurgia Plástica. Pensou que finalmente teria a solução. Entrou em contato com o cirurgião que estudando o seu caso abria arquivo repassando: Minotauro - Monstro com cabeça de touro e corpo de homem; Quimera - Monstro com três cabeças, corpo meio cabra meio leão, cauda de dragão, que vomitava chamas; e outros. O médico dedicou-se ao caso cognominando-o "Operação Menino de Asas", hospedando-o num quarto nos fundos de sua residência na praia de Copa Cabana.

Certo dia, Menino de Asas lera no jornal que o seu amigo Pilão estava preso. Não titubeou, foi direto libertá-lo. Pois ele o havia protegido de seu bando, tratando-o ocmo gente normal. No dia seguinte é acordado (no quartinho) pela Rute, a única filha do médico. Momentos maravilhosos na descoberta do amor que flagrados pelo seu pai, quebra esse encanto e perde o seu apoio.

Desolado, volta ao quilombo dos meninos, a encontrar-se com Pilão, deixando-o logo em seguida: O nível e as intenções do bando não conferiam os dele. A partir daí passou a executar tarefas especiais diversas que só um homem de asas tinha o privilégio de realizar: Levava mantimentos para a filha do cirurgião que havia sido seqüestrada por eles.

Dias depois foi nomeado Zelador Aéreo da cidade sob o nome de João Batista Voador com o apoio do titular do Juizado de Menores e do governador, despertando uma polêmica sobre a origem de sua nomeação. Por fim, feliz, o homem -pássaro avança os ares protegendo e zelando pela cidade."

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